segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um carrão com controle remoto!

Um garotinho muito pobre vivia pedindo ao seu pai que lhe desse um carrão com controle remoto. O pai não podia proporcionar ao filho o seu sonho por ser muito caro. Para compensar, ensinava o filho a "fabricar" os próprios carrinhos e brinquedos.
Porém, nada que o menino fazia, ainda chegava a sequer poder ser comparado ao seu grande sonho: um carrão com controle remoto!
Ainda assim, o garotinho ia brincando, feliz com seus brinquedos. Os brinquedos, que não tinham lá muita qualidade, pois eram feitos de papel, plástico, madeira, caixotes, sempre quebravam. Ele ficava triste, mas logo se dispunha a fabricar outro ou tentar consertar aquele.
Num natal, incentivado pela sua mãe, ele escreveu uma carta ao Papai Noel, pedindo o tão sonhado carrão.
Ele precisou esperar 2 anos para enfim, o Papai Noel trazer o seu carrão de controle remoto. Ele tinha 9 anos e já sonhava com o brinquedo desde os 6, uma longa espera para uma criança.
Quando viu a grande caixa, delicadamente embrulhada com um papel de presente bem brilhante e aquela bela fita, embaixo da simples árvore de Natal, ele mal podia acreditar, mas de alguma forma, desconfiava que ali, estava o seu sonho!
Correu e foi logo abrir o seu presente, ofegante. Desembrulhou rapidamente, rasgou todo o papel brilhante e lá estava ele: UM CARRÃO COM CONTROLE REMOTO!!!!
Os pais do garoto ficaram espantados com a sua reação. Ao invés de abrir a caixa, pegar seu brinquedo, investigar, olhar e brincar, ele colocou a caixa no chão, ainda fechada e ficou por alguns instantes apenas observando, naturalmente emocionado, comovido, mexido com o seu sonho, bem ali, diante dos seus olhos, ao alcance das suas mãos.
Após alguns instantes, ele abriu a caixa e olhou assim, por cima o seu conteúdo. Realmente estava lá e era tudo aquilo que ele tinha sonhado.
Para ainda maior surpresa de seus pais, o garoto voltou a fechar a caixa e ficar olhando cuidadosamente para a imagem do brinquedo impressa nela. Era apenas uma foto, mas parecia que ele estava com o brinquedo nas mãos, enquanto olhava. E assim, passaram dias, semanas, meses..... Ele preferia brincar com seus briquedos velhos e fabricados por ele mesmo. Para o carrão, ele apenas olhava aquele imagem, aquela foto.
A mãe e o pai do garoto, desistiram de entender o motivo de, após ter sonhado tanto com o brinquedo, o garoto nunca ter brincado com ele.
A medida que os anos passavam e seu irmão mais novo foi crescendo, ele desejava brincar com o briquedo da caixa. Mas o garoto não deixava: "Esse brinquedo é meu", ele argumentava. O irmão retrucava: "Mas vc nunca brinca com ele", no que já tomava a certeira: "Ainda assim é meu."
Aquela família um dia precisou se mudar. O garoto já era então um adulto, e seu irmão, 3 anos mais novo, também. A caixa do briquedo ficara esquecida num maleiro de guarda roupa e, ao arrumar suas coisas para a mudança, os dois irmãos se depararam com a caixa. O ex-garoto, dono do brinquedo, se lembrou com carinho do brinquedo e do quanto ele tinha significado para ele durante a infância. Sorriu. Pegou a caixa, passou um pano e abriu. Seu irmão que observava toda a cena, pálido, começou a se explicar. Disse que anos atrás, quando ainda meninos, tinha pegou o carrinho de dentro da caixa e brincava escondido, na casa dos amigos, e como o irmão nunca abriu a caixa, nunca percebeu a falta do carrinho.
O irmão mais velho riu e disse que isso era passado, que estava tudo bem mas que gostaria de ter visto o brinquedo novamente naquele dia.
Curioso, o caçula perguntou:
"Mano, pq vc nunca brincou com aquele super carrão com controle remoto, que era o sonho de toda criança?"
E, percebendo o que tinha se passado com ele mesmo, anos atrás e que vinha se repetindo desde então, em outros contextos da sua vida, o garoto respondeu: "Tive medo de que ele quebrasse. Eu ficaria muito triste. Achei que era um brinquedo bom demais para mim."
O caçula respondeu: "De fato, um dia ele quebrou. Os vizinhos, o papai e eu, consertamos. Nem sempre ele funcionava bem, mas pudemos brincar com ele muitas vezes, nos divertimos muito com ele, demos boas risadas, inventamos muitas brincadeiras. Acho, meu irmão, que vc ficou mais triste com ele na caixa, do que se tivesse brincado muito com ele e ele tivesse quebrado um dia.O brinquedo não era bom demais para você. Você que tinha medo de não saber brincar com ele, talvez se tivesse tentado, poderia ter tido, como nós, grandes aventuras!"

O que vamos fazer com os bons presentes que tanto desejamos e que fatalmente, o Universo nos traz???

2 comentários:

  1. Dááá-lhe PNL, dá-lhe metáfora!!!

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  2. Eu só espero ter a capacidade de perceber quando esses presentes chegarem.

    Tenho brincado com uns brinquedinhos nada
    bons ultimamente... rsrs.

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